Qualquer que seja sua função, orgulhe-se do que faz. Toda atividade lícita, quando executada com zelo, com amor, tem algo de nobre. "O trabalho enobrece o homem!". O que seria do homem da cidade se não tivesse o lavrador, o gari e o lixeiro? Pense nisso! Alguém passaria fome e viveria no amontoado de lixo. Valorizar apenas aqueles que exercem atividades intelectuais é errado. Todos têm o seu valor. Do boy ao presidente da empresa. E, às vezes, se observa mais humanidade, mais nobreza, naquele do que neste. O trabalho é sem dúvida, "uma ponte lançada na vida de todo o homem". Por ela, todos terão que passar. Há um só caminho.
Conheci um coreano, o Pak, que atua na cidade de São Paulo como corretor de imóveis. Ele estava de plantão, num edifício onde havia um apartamento decorado em exposição, no bairro Paraiso. Muito simpático, convidou-me para um café. Enquanto conversávamos, indaguei sobre sua vida. Disse-me que o pai era dono de uma loja de roupas, mas ele preferiu ser corretor de imóveis. Entretanto, o que mais me impressionou foi ouvir dele: "De duas coisas me ressinto. Não ter sido soldado do exército e não ter sido boy. São escolas de vida". Digo que me impressionou, porque os adolescentes de hoje procuram fugir dessas duas coisas. Não querem servir o exército e não querem ser boy. É lamentável. Há atividades simples, que na sua simplicidade transmitem consideráveis ensinamentos, como ordem, disciplina e humildade.
Há povos que são educados no sentido de fazer as coisas bem-feitas e orgulhar do que fazem. Em Zurique, na Suíça, os vendedores de lojas são muito solícitos e sempre agradecem pelas compras que fazemos. Seus bons modos são inspirados no orgulho que eles sentem do trabalho. São pessoas afeiçoadas ao labor, meticulosas. Gostam de fazer as coisas com perfeição. Não é outra razão que faz dos relógios suíços os melhores.
Mas, você poderá perguntar: "Como posso orgulhar do meu trabalho? Já que faço tarefas repetidas, enfadonhas e mal remuneradas?". Posso lhe dizer que quando um trabalho é exercido com esmero, com dedicação, com amor, outras portas se abrirão. De resto, uma obrigação bem cumprida agrada a Deus. Através disso nos aproximamos Dele. Cristo também trabalhou e o seu trabalho de artesão não era dos mais fáceis. Ele feriu as mão em madeira e em pedra bruta e chegou esgotado ao final de uma jornada. Na atividade herdada do pai, deu exemplo de como devemos agir.
De resto, devemos cumprir bem nossos deveres para termos direito à vida e sermos cidadãos do mundo. Mahatma Gandhi, prêmio Nobel da Paz e libertador da Índia, ensinava que "o dever bem cumprido em primeiro lugar, pois disso decorrem todos os direitos pelos quais devemos lutar". Quando você cumpre bem seu ofício, não está ajudando apenas a você, e sim, também, a sua família, a sociedade e a nação; enfim, a humanidade inteira. E, tenha certeza, será lembrado por nosso Pai Celestial para ocupar um cargo melhor na vida.
