quinta-feira, 7 de março de 2013

A VEZ DA MULHER

Era domingo. Acordei por volta das oito horas. Todos ainda dormiam: minha mulher e meus dois filhos, uma moça e um adolescente. Eles praticaram natação e foram dormir cansados. Fui até a cozinha. Havia na pia uma pilha de pratos, copos, xícaras e panelas para serem lavados. Era dia de descanso da empregada. Alguém tinha que enfrentar tudo aquilo.
                 Arregacei as mangas e pensei por onde começar. Vou devagar, pensei. Organizei as vazilhas sujas, abri a torneira e comecei pelos copos. Somos quatro pessoas em casa, mas só de copos sujos havia mais de uma dúzia. Após quarenta minutos de trabalho paciente venci a parada.
                  Fui à sala de jantar. Coloquei a toalha e passei a preparar o café da manhã. Fiz o suco de laranja: uma jarra cheia. Abri a melancia que estava no ladrilho ao lado da geladeira e tirei quatro fatias. Fiz a mesma coisa com o mamão. Coei o café e esquentei o leite. Levei tudo para a mesa, sem esquecer o queijo banco, o mel e a manteiga.
                  Quando todos acordaram, a mesa estava posta com tudo a que tinham direito naquele domingo:  um café 5 estrelas. Nem seria preciso dizer que minha mulher, ao ver aquilo, ficou super- contente e que meus filhos correram para a mesa disputando as melhores fatias das frutas.
                   Num grande número de casas é assim: os homens participam das lides domésticas. De há muito que o machismo deixou de existir. Vigente o preceito constitucional: "Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações". A  mulher, finalmente, está conquistando o seu espaço.
                   É importante lembrar que, não faz muito tempo, lugar de mulher era no tanque lavando roupa. Mulher não dirigia carro e não votava. Quando me formei em Direito, no ano de 1971, não havia uma juíza sequer na justiça de São Paulo. O ingresso na magistratura era privilégio dos homens. Hoje há um grande número de mulheres na magistratura paulista e a capital já foi governada por mulheres.
                   Na verdade a mulher é o sexo forte, não o homem. A superioridade da mulher vem de longe. Apenas não havia conquistado o seu espaço. Não pense, pois, que "segurar touro na unha é coisa de homem". A toureira espanhola  Cristina Sanches, que foi consagrada a melhor do mundo, comprova o domínio da mulher também nessa área. Assim, a superioridade da mulher não é coisa de se estranhar. Afinal, as santas possuem mais devotos do que os santos. Isso por fazerem mais milagres.