Quando eu era criança, recordo-me bem, plantei um cajueiro. Escolhi um bom lugar no quintal da minha casa, no meu pé de serra; fazenda Palestina, em Simões, no sertão do Piauí. Aguei a terra e todos os dias ia ver se já havia nascido. Certo dia, pulei de alegria: duas folhinhas despontavam. Acompanhei o seu crescimento, até que fomos para São Paulo. Despedi-me do meu cajueiro, já quase do meu tamanho.
Muitos e muitos anos depois, e já promotor de justiça, voltei ao meu pé de serra. Queria recordar tudo: a casa de alvenaria, de tijolos à vista, com seus alpendres, o açude, a vista da serra com suas furnas de onça e, o meu cajueiro é claro. Pensava em revê-lo grande, carregado de cajus. Quando cheguei lá, pouca diferença verifiquei.
A casa estava igual. Havia um jumento para carregar água, parecido aquele que tínhamos. Nas cercanias alguns animais. Porém o que me chamou a atenção é que o meio de transporte dos moradores era ainda cavalos. Após cumprimentar todos, e me conheciam de nome, corri para o quintal para ver meu cajueiro. E, para tristeza minha, já não mais existia.
O notável escritor Humberto de Campos teve melhor sorte. Seu cajueiro em Parnaíba, hoje é centenário. Objeto de visitação turística. Mas, apesar da minha decepção, recomendo: plante uma árvore e escreva um livro. Vale a pena.
Outra coisa que recomendo: cuide dos seus pertences. Dos seus quadros, dos seus livros, dos seus objetos de estimação. Tire do baú aquelas coisas que eram da vovó. A imagem de São José com o menino Jesus e a da Virgem Maria.
Não despreze o seu passado!
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Nossa vida tem dois tempos: passado e presente. O futuro a Deus pertence. Assim, pois, cuide do presente e não despreze o seu passado, mas, fique de olho no futuro. José Moura Gomes
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